Tuesday, November 14, 2006

!!Running Over!!

!!Running Over!!

O dia 14 de Novembro de 2006 foi minuciosamente cronômetrado.
Saí do trabalho às 7h e 20 min e fui direto pra casa no intuito de dormir o máximo possível até o horário de começar a me preparar para o compromisso que teria às 13h. Dormi até mais ou menos 11h e 30 min e logo depois de pronto fui para um almoço com colegas que já havia sido agendado há várias semanas. Durante o período em que estive nesse evento do trabalho tudo correu bem, apertos de mãos, piadinhas, idéias novas e procedimentos...
Mesmo estando fora do meu horário de trabalho, aproveitei para por em dia alguns assuntos que estavam pendentes dentro da empresa.
Engraçado é que já vinha me preparando há semanas para esse evento, só não estava preparado para o que viria mais tarde.
Já era mais do que 16h quando terminei o que estava colocando em ordem e foi quando decidi visitar um grande amigo que assumiu um cargo de chefia em um hotel próximo ao meu trabalho, seria uma visita rápida, somente para ver se ele estava se adaptando bem ao novo cargo e ambiente.
Acredito que tudo começou quando eu estava parado na sinaleira da Rua Olavo Barreto Viana com a Avenida 24 de outubro. Lembro-me que o calor era insuportável e eu mal podia esperar para colocar o carro em movimento pra tomar um pouco de ar e aliviar a sensação incomoda do suor que escorria por dentro da camisa. A sinaleira abriu e me lembro de ter visto um táxi á minha direita, ambos entramos na Avenida 24 de Outubro, e recordo que tive que fazer a curva mais aberta, pois o motorista do táxi negligenciava o tamanho do automóvel que dirigia como se fosse o dono da rua. Foi então que vi uma mulher parada já na faixa, mas ainda próxima ao meio fio. Notei que ela aguardava os carros para poder atravessar a rua, então segui meu caminho normalmente. Quando já estava próximo aos 50 km/h senti uma dor forte nos olhos causada pela luz do sol que vinha direto de encontro ao meu rosto, devido à posição que eu havia tomado e foi no exato instante em que eu movi a cabeça para o lado esquerdo na tentativa de me livrar da cegueira que eu vi a mulher que antes aguardava pacientemente os carros passar, agora estava bem na frente do meu carro a menos de 1 metro de distância, correndo desesperadamente na tentativa inútil de alcançar o outro lado da faixa.
Não tive tempo pra pensar em nada, o susto fez com que todo o meu corpo ficasse totalmente tenso e o único filete de pensamento e reflexo foi pisar no freio com toda a força que tinha.
Não demorou muito até que eu ouvisse o barulho dos pneus dianteiros emitindo um som agudo e estridente e logo em seguida uma sensação e a pancada do atropelamento. Não consigo tirar da cabeça a imagem daquela senhora sendo arremessa a 5 ou 6 metros de distância pelo carro do meu pai. O mais estranho é que me recordo a expressão do rosto dela enquanto estava sendo jogada longe... Ela nem mesmo sabia o que estava acontecendo, que havia sido pega pelo carro de um estranho, ela nem sabia ainda se isso a machucaria de verdade ou não. Nunca mais vou esquecer aqueles olhos perdidos! Depois disso, lembro de ve-la juntando a bolsa caída e levantando-se tão rápido que eu nem havia tido tempo de soltar o sinto de segurança e menos ainda de puxar o freio-de-mão. Saltei do carro feito uma bala e corri pra ver se ela havia se machucado, pra ver o quanto eu tinha machucado aquela pessoa. Lembro que a convidei para ir até o pronto socorro para fazer um "check up", mas ela recusou a todo o tempo dizendo que não havia se machucado e que estava bem e que eu não precisava me preocupar. Ela nem parou pra olhar pro meu rosto, ela nem olhou pro rosto de seu agressor... Não sei se foi o trauma, mas não entendi se ela estava com vergonha ou se havia ficado confusa com a pancada. Só me recordo que eu fiquei parado ao lado do carro olhando aquela mulher ir embora até o momento em que ela sumiu no meio de outras pessoas. Foi quando me dei conta de que já havia uma fila enorme de carros buzinando para que eu voltasse a dirigir foi quando um senhor em um Honda Civic prateado que estava estacionado falou para mim: Volta pro carro filho, ta tudo bem. Ela não precisa de ajuda, pode seguir adiante...
Entrei no carro em um gesto automático e sem esboçar nenhuma reação ou responder a sugestão do homem que havia me aconselhado, girei a chave na ignição e parti...
Eu nem ao menos sei se ela realmente esta bem, eu nem sei o que pensar sobre isso...

0 Comments:

Post a Comment

<< Home